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23 de fevereiro de 2013

Flor de alecrim.


Entre uma xícara de chá e outra, silêncio.














Ouço o tintilar da xícara sobre o pires.
Outros movimentos sobressaem à voz do meu pensamento.
Com uma colher a girar, mexo o chá.
O cheiro da camomila, da cidreira e da hortelã, aquece meu interior, perfumando meus pulmões.











A xícara de volta para minhas mãos.
Um soprar da boca para refrescar a superfície do chá quente.
Um gole degustado e sonoro sobressai à voz do meu pensamento.













Garganta e entranhas aquecidas.
Numa tarde de sábado minha alma é afagada, por uma xícara de chá quente, na companhia de um livro e pelo silêncio do meu pensamento.

Nunca vi uma flor de alecrim.





Entre folhas, flores e sombras, o tempo.

Entre a sombra da luz de um poste e outro
O tempo ganha espaço
Pedregulhos revestem o asfalto com piche










Sobre os muros das casas, flores
Sobre as calçadas, pétalas de flores secas

Folhas, flores, sombras, pedregulhos...
E o tempo que não determina o que deve ser lembrado ou esquecido
Tudo é fragmento, elementos por vezes entregues ao acaso
Por acaso observamos

Folhas, flores, sombras, pedregulhos, sentimentos...













Tudo toca o asfalto
A luz do sol do meio dia
Os raios da lua cheia da meia noite
O vento que leva é o mesmo vento que trás... O perfume, a poeira, a água da chuva que cai do céu

Chuva lavando o asfalto feito de pedregulhos unidos pelo piche
Com a água da chuva, vai à poeira, vão às folhas, as flores, a luz do sol, alguns pedregulhos, mas não o sentimento














Tempo, és o senhor absoluto de nossa existência
A ti sábio tempo, minha oração
Escolhestes a mim para observar o teu passar
Eis o meu oficio...