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26 de outubro de 2013

O tempo

O tempo, ah o tempo

Eis o senhor soberano como já diria a canção
Tempo (pausa), fonte de toda sabedoria
Espere. Ouça-o atentamente, tudo quanto diz

O tempo...

Para ouvi-lo, transforme seu pranto em silêncio
Sua aflição, em serenidade
Sua ansiedade em tranquilidade – mantenha a calma, o tempo, o seu tempo, passará...

Ouça-o batendo à porta, como o fez com Caymmi
Por meio do vento, o tempo chamará teu nome
Te envolverá, te acolherá, logo mais, logo menos você e o tempo, ambos embriagados num mesmo sofá

O tempo...

O melhor de todos os amigos
O melhor de todos os antídotos
Não dê ouvidos aos ruídos ou gritos

Não se pode contar o tempo apenas no relógio
Não se prende o tempo

Ele passará suavemente e em silêncio, como quem anda na ponta do pé, em plena madrugada pela casa
Como a mais graciosa das borboletas que cobiça a mais bela flor do jardim
Como a mais graciosa de todas as garças, plainará sobre a face do rio pintado de vermelho pelo pôr do sol
Passará o tempo como brisa, sem que se deixe notar
Num piscar de olhos, o tempo já não será o mesmo
Nem toda chuva é lágrima, nem todo sol é riso, nem todo brilho é ouro
Mas o tempo há de colorir a sua aquarela, sua vida bela em tela, toda rara, toda arte, toda melodia, toda Lenine
Diante do tempo, tudo se esvai, tudo se refaz, tudo vira líquido, fluído, flexível...
Observe o tempo


Foto do autor, retirada na cidade Guarabira, interior da Paraíba, numa noite de chuva.