Entre sonetos e melodias
Baila a poesia
Há um prazer na harmonia
Mas nem tudo é métrica
Dois corpos no mundo
Dois corpos num palco
Bailando abraçados
Meia luz e lustres entre o chão e o teto do salão
O amor e a paixão
Clássicos na literatura
Elementos que atravessaram séculos
Ecos do rodo cotidiano
Todos sabem reconhecer quando há sintonia
Não se pode negar quando é recíproco
O mundo por testemunha
Do desejo e do afeto que amantes tentam em vão manter em segredo
O desejo arde
A paixão consome o tempo que é pouco
O amor amplia os horizontes e multiplica os sonhos
Mas o medo cria obstáculos de toda sorte, uma catástrofe
No texto a harmonia pode não corresponder à realidade - trágico
Na dura vida, nem sempre o amor faz a poesia que o amante anseia
Mas a poesia sempre estará ali
Para dizer do amor
A poesia consola
Ela tem a capacidade de sanar a dor
De dar uma outra cadência para o samba do coração partido
E mesmo chorando, o amante dança fora do compasso preferido
O tempo há de passar
Uma nova estação chegará
E uma nova leva de poesias florescerá nos jardins sem castelo
Testemunhará sobre outras vidas e outros amores, a poesia
Mas agora
O amante vê apenas uma única estação
Ouve uma única melodia
E lembra de um mesmo amor com quem sonhou ver a primavera chegar
Foi-se a métrica
O piano desafinou
O par perdeu o compasso
Mas a beleza do encontro é aquarela afetiva na parede da lembrança
Nem tudo é dor, medo, ausência ou arrependimento
O Tempo, o Tempo Rei já decretou
Tudo seguirá transformando, transcorrendo
"Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei"