Sobre o rio Sanhauá, se vai o sol
Se vai o sol, beijando o rio Sanhauá
Se despedindo da cidade, se vai o sol
Se vai o sol, como quem quer ficar
Sobre a vegetação do mangue, voam as garças
Voam as garças, graciosas a plainar
Sobre a face do rio, navega a canoa
Segue canoa abrindo caminhos no rio mar
Da canoa que navega sobre o rio, o pescador lança sua
rede
No fundo do rio tem peixe
Na beira do rio tem mangue
Em cima do mangue tem casas
E sobre as casas, garças... Batem as asas
Garças que voam tranqüilas sobre as casas, sobre o
mangue
Caranguejos que na lama do mangue se escondem do
perigo
O sol segue seu rito
Um processo diário
Se pondo sobre a face do rio
Num encontro apaixonado
Num encontro apaixonado
Que agora a descoloriu
E a pintou de dourado
Sobre a face do rio dourado voam as garças brancas
Sobre o rio dourado, navega suavemente o pescador
O vento sopra suave
O sol brilha gentil
O céu antes anil se faz alaranjado
O vento sopra suave
O sol brilha gentil
O céu antes anil se faz alaranjado
No rio, na canoa, na vegetação, no céu, na lama
Pescador, peixe, garça, caranguejo, mangue...
Retratos sem nomes
Iluminados pelo sol dourado
Jardins preservados se estendem pelas águas
Cotidiano ignorado
Cenário urbano que passa por despercebido
Natureza morta
Natureza viva
Recantos e encantos
Da capital Parahyba
Da capital Parahyba
Da cidade que resiste as regras do novo tempo
Cidade que freia o “progresso”
Província pós-moderna
Natureza em aquarela
Natureza bela
Ruínas assoladas
Lembranças soterradas
Retratos do tempo
Bem vindos todos
Bem-te-vi, sabiá, curió, beija-flor
Capim santo, erva doce, boldo
Canoa, remo, bota, chapéu
Antônio, Pedro, Luiz, Maria José
Natureza, pessoas e objetos num mesmo universo
Num mesmo cenário
Num mesmo cenário
Num mesmo contexto
Num mesmo espaço
A cidade se despede do sol
Num mesmo espaço
A cidade se despede do sol