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7 de março de 2013

Senhora com os pés descalços...

Já dizia minha mãe: "Costume de casa, se leva à praça!" Ela sempre "saia com essa ideia" para pontuar um costume ou comportamento negativo dos filhos. Neste caso aqui, farei um relato de algo positivo.

Hoje pela manhã em Alagoa Grande, ao entrar numa farmácia acabei tropeçando numa sandália feminina, meiga e bem cuidada. Em seguida me deparei com uma senhora debruçada no balcão da farmácia onde era atendida. O chão da farmácia estava plenamente limpo, o ambiente também reforçava e  confirmava essa sensação de higiene.

Pois bem, tenho um costume de normalmente retirar as sandálias para entrar na casa de um amigo - pra mim soa como um gesto de respeito pela casa, pela pessoa, ou uma tentativa de não deixar ali na casa a sujeira de toda rua por onde que estaria na sola de minha sandália.

Mas aquela senhora, ela estava numa farmácia, descalça... Possivelmente pelos mesmos motivos que eu, respeito. No entanto ela transmitia uma candura e seu gesto tornava-se muito mais significativo para mim, um gesto tão lindo, tão simples. 


Ninguém havia percebido que eu havia "tropeçado" na sandália. O pior... quando dei por mim a sandália estava fora do tapete, onde a senhora havia deixado. Delicadamente disse pra elas que havia tropeçado na sandália, simultaneamente me desculpei e coloquei a sandália de volta.

A senhora descalça, tirou os braços do balcão da farmácia e atentamente me olhou nos olhos e com voz serena me pedira desculpas pelas sandálias deixadas ali, á porta da farmácia, num gesto de respeito para com a "dona da casa"... não permiti que ela terminasse seu pedido de desculpas, na verdade o intruso era eu.


Pisar diretamente no chão tem em si tantos significados. O gesto delicado e o comportamento simples daquela mulher, sua luz, sua serenidade e paz me tocava.


Na verdade, recebi um afago naquele momento, uma recarga de leveza e de luz. Esse é o meu Nordeste, este é o meu povo.

Simplicidade que amo...




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