Começamos um novo ano, um novo tempo, um novo ciclo
Onde estão nossos sonhos?
Respondo...
Nossos sonhos não se foram, eles não nos deixaram
Talvez, apenas estejam adormecidos dentro de nós
Ou, em algum lugar, bem guardados
Lajedo de Pai Mateus, Paraíba, 31 de dezembro de 2024. Autor: Fernando Domingos. |
Percebi que faz algum tempo que não venho aqui
Nem sei se tem alguém passando por aqui e lendo o que escrevo
Também não sei se o que escrevo faz algum sentido
Na verdade, sinto falta de quando apenas escrevia
Sem me importar com meus próprios limites
Sem questionar se o que escrevia era legítimo ou não
Sabemos que o tempo que se foi, não volta mais
Mas sabemos que nossa memória é aquela que conversa com o tempo, com os variados tempos
O tempo não volta, sabemos
As vezes, a gente só precisa compreender que o tempo é necessário
E em alguns momentos, a gente só precisa parar
Apenas deixar o tempo seguir
Nessas pausas, a gente pode pensar que está desistindo, abrindo mão ou perdendo alguma coisa
Mas as vezes, parece que a alma da gente grita em silêncio
Quem está ao nosso redor, não escuta
Mas nós, sentimos, e ouvimos o pedido que está sendo feito
Quando o tempo corre acelerado
Tenho a sensação de estar mais lento que o mundo
João Pessoa, Paraíba, 2024. Autor: Fernando Domingos. |
Houve um tempo, em que esse outro tempo que chamo de meu
Me fazia bem, me trazia iluminação, tranquilidade e esperança
Mas hoje, quando minha alma pede calma
Os compromissos agendados no calendário, pedem pressa
É nesse instante que me vejo numa luta com o tempo e comigo
Meu ser, precisa de pausa e refrigério
Minha alma, precisa de calma e silêncio
Enquanto isso, os prazos acadêmicos e financeiros não respeitam esse outro tempo/necessidade que existe em mim
Em alguns momentos, diante disso, posso me sentir atordoado
Por várias vezes, me sinto preso numa espécie de instante
Lembrando uma peça ou objeto de vidro, que parece estar em queda livre rumo ao chão, onde sonhos também podem partir e se desfazer em pedaços
Nessa hora, vejo minha existência capturada num instante entre o espaço e o tempo
Um instante, que só eu consigo acessar
As águas e os ventos passam por mim como tempestade
Quem me vê, não visualiza, se quer imagina o movimento ao meu redor
Salvador, Bahia. Agosto de 2014. Autor: Fernando Domingos. |
Num outro instante, fecho os olhos
Ao mesmo passo estou me vendo por dentro
Vejo uma luz infinita que ilumina meu interior
Um universo que se apresenta em diversas camadas
Percebo o quando minha existência é complexa
E num mesmo instante, me dou conta do quanto minha vida é extraordinária
Nesse mesmo compasso, toda minha perspectiva é modificada
A força vital da vida que me sustenta, é renovada
Abro e fecho os olhos novamente
Vejo que estou me carregando nos braços
Me abraço
Reencontro meus sonhos
Reafirmo que eles são meus
Renasço em mim outra vez
Com os olhos marejados, contemplo o longo caminho que tenho pela frente e vejo desperto em mim um vibrante desejo de seguir
Já estou sorrindo e caminhando outra vez
Campina Granda, Paraíba. Janeiro, 2025. Autor: Fernando Domingos. |
Minha pausas, são simples
Mas necessárias
Posso simplesmente ouvir uma música
Ou, caminhar pelas ruas da cidade
De preferência, com os pés na areia da praia
Também pode ser um reencontro dentro de um abraço amigo
Ou, no colo de mainha
E mais uma vez, me sinto seguro
Fortalecido, volto a caminhar
Me sinto feliz, por ter vindo aqui e por ter conseguido me conectar comigo
De alguma forma, a escrita e aleitura nos conectada e nos salva todos os dias
João Pessoa, Paraíba. Dezembro de 2024. Autor: Fernando Domingos. |